A Câmara
Municipal de Braga deve ser um “case study” único nas autarquias portuguesas: há
seis anos que anda a anunciar à imprensa e à população a criação de um parque
verde nas Sete Fontes, mas não tem na sua posse um único metro quadrado de
terreno para poder plantar uma árvore. Como denunciou Bernardette Fernandes, “a Câmara de Braga pretende fazer o
Ecoparque das Sete Fontes à custa dos proprietários dos terrenos”. Mas há
um detalhe: os proprietários não estão para aí virados. E com toda a razão.
Notícia no Jornal de Notícia 24 Março de 2019 |
Sendo a
terceira maior proprietária de terrenos, que a Câmara Municipal de Braga pretende
utilizar a “custo zero” para o prometido parque verde, Bernardette Fernandes é,
portanto, uma das várias pessoas lesadas das Sete Fontes.
Tal como
Bernardette existem outros lesados, de que é exemplo mais mediático o
empresário Ermelando Sequeira, do Grupo VILAMINHO, que andou vários anos a
tentar licenciar uma urbanização nas Sete Fontes, respeitando o índice de
edificabilidade contemplado no Plano Diretor Municipal (PDM), sem, contudo, o conseguir.
Hoje podemos
dizer que Ermelando Sequeira andou ao engano, tendo sido, por isso, destratado
pelo Município de Braga, algo que o seu trabalho de décadas como empresário,
acrescentando valor à cidade e ao concelho, não merecia.
Mais
recentemente, o empresário da VILAMINHO recorreu a dois gabinetes de
arquitetura, como forma de provar ao município e à cidade que é perfeitamente
possível compatibilizar a preservação do Monumento das Setes Fontes com a
valorização da zona envolvente através da construção de edifícios e
equipamentos.
Recentemente,
a Câmara de Braga apresentou aquilo que deveria ser um projeto para o Parque das
Sete Fontes, mas o que todos viram, numa sessão em que o Presidente da Câmara
Municipal primou pela ausência, foi mais uma mão cheia de nada e outra de coisa
nenhuma.
Notícia no Jornal de Notícia 24 Março de 2019 |
Tudo muito
enviesado, ideias requentadas há anos e nada de datas concretas. Uma tremenda
falta de compromisso com todos os interessados: com os proprietários dos
terrenos, com os bracarenses e com a cidade!
O motivo é
simples: como temos visto na imprensa nacional, a Câmara Municipal de Braga
está atolada em dívidas e compromissos de longo prazo e tem de enfrentar
inúmeros casos de indemnização cível nos tribunais. E está sem dinheiro para
criar o Parque das Sete Fontes.
Depois, há
uma coisa que é elementar: podemos recorrer às artimanhas dos gurus, comprando
os seus serviços, mas jamais poderemos comprar a coragem política, assim como
não podemos comprar a capacidade de decidir, a capacidade de dialogar ou a
capacidade de negociar! Estas capacidades ou temos ou não temos.
É por isso
que, 6 anos após Ricardo Rio ter sido eleito presidente pela primeira vez, não
há nada de concreto nas Sete Fontes, nem haverá nos próximos anos.
Afirmações do Eng. Artur Feio no Correio do Minho |
Os
proprietários e a Câmara Municipal continuam de candeias às avessas e o
processo ameaça prolongar-se no tempo, dada a morosidade dos calendários
judiciais.
Estamos, por
isso, num impasse, à espera que a voz dos tribunais se faça ouvir. Os
proprietários têm sérias razões de queixa. Eles são os lesados das Sete Fontes.
E não são ouvidos por causa de uma atitude cega e obstinada dos responsáveis
pelo Urbanismo de Braga, que nem sequer aceitam propostas alternativas, como
aquelas que foram apresentadas por dois arquitetos convidados pela VILAMINHO,
que elaboraram estudos que apontam para um parque verde ainda maior do que
aquele que é falado pela Câmara Municipal, compaginando a preservação ambiental
e cultural com o cumprimento do PDM que durante muitos anos vigorou no local.
Afirmações do Eng. Artur Feio no Correio do Minho |
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