terça-feira, 23 de abril de 2019

Em causa a vedação de um terreno privado nas Sete Fontes - Vilaminho diz-se perseguida por vereador e pondera queixa no Ministério Público


A Vilaminho considera que os factos praticados pelo vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Braga, Miguel Bandeira, no âmbito do processo de licenciamento da vedação de um dos seus terrenos nas Sete Fontes, “configuram uma clara violação dos direitos” da empresa, pelo que a atuação do autarca “é inequivocamente merecedora de tutela penal, bem como suscetível de participação ao Ministério Público do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga para efeitos de propositura de ação para perda de mandato de responsável autárquico”.
Esta revelação foi feita numa carta registada, com data de 5 de abril, que a Vilaminho fez chegar ao presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio. Para justificarem uma eventual ação de perda de mandato, os juristas da Vilaminho invocam a Lei da Tutela Administrativa.




O QUE ESTÁ EM CAUSA

Em causa está o processo de licenciamento da vedação de um terreno nas Sete Fontes, face ao qual o município nada decide, desde 6 de julho de 2017, o que, para a Vilaminho, configura uma violação do Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação em vigor.
Sobre essa violação, a Vilaminho – Inovação Imobiliária teve necessidade de recorrer aos tribunais em finais de 2018, tendo apresentando uma intimação judicial contra a Câmara Municipal de Braga, no Tribunal Administrativo e Fiscal.
Então estava em causa o facto de a Vilaminho não conseguir obter uma licença municipal para vedar um dos seus terrenos nas Sete Fontes, denominado Bouça das Chedas, junto ao Hospital da cidade, esperando, há mais de ano e meio, que a Câmara Municipal de Braga aprove ou chumbe o pedido de licenciamento.
Uma ação de intimação à prática de ato é um instrumento jurídico que tem por objetivo obrigar a Câmara Municipal de Braga a pronunciar-se e a justificar a sua posição, já que ainda não o fez, ignorando os sucessivos pedidos da Vilaminho.
O empresário Ermelando Sequeira, do grupo Vilaminho, não abdica de vedar o seu terreno, adquirido há 23 anos, dado que se trata de "um direito enquanto proprietário".




“ATITUDE PERSECUTÓRIA”

A Vilaminho, que considera estar a ser vítima de “uma atitude persecutória” por parte do pelouro do Urbanismo da Câmara Municipal, a quem acusa de faltar à verdade neste processo.
Na carta enviada ao presidente da Câmara, a Vilaminho solicita que Ricardo Rio “se digne averiguar o sucedido (…) acionando os meios legais competentes para sindicar tal atuação e sancionar as pessoas responsáveis”.
No decurso de ação judicial intentada pela Vilaminho, a correr termos pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, a empresa imobiliária “tomou conhecimento, na contestação junta aos autos pela ré Câmara Municipal de Braga, a 18-12-2018”, de que, segundo a autarquia, “ainda estaria em prazo para se pronunciar sobre o projeto de arquitetura integrante do referido pedido de licenciamento pelo facto de ter pedido um novo parecer à Direção Regional de Cultura do Norte, encontrando-se a aguardar decisão final a ser proferida por esta entidade”.




UM PARECER “ESCONDIDO”

Motivada pelo conhecimento de tal facto, a 18-02-2019, a Vilaminho solicitou informações à própria Direção Regional de Cultura do Norte sobre a existência de despacho no âmbito do alegado pedido de parecer. Nesse seguimento, através da resposta desta entidade, rececionada a 29-03-2019, a Vilaminho apurou que o despacho proferido pela Diretora do Serviço de Bens Culturais, a 06-12-2018, integrou o parecer favorável condicionado comunicado à CMB por fax enviado em 10-12-2018.
“Por tudo quanto resulta demonstrado, dúvidas não restarão de que, aquando da sua contestação de 18/12/2018, a CMB já conhecia (ou não podia razoavelmente desconhecer) o parecer favorável que a DRCN lhe havia remetido a 10-12-2018, parecer este de que alegadamente estaria dependente a deliberação sobre o projeto de arquitetura”, afirma a Vilaminho na carta enviada a Ricardo Rio.




VEREADOR NA BERLINDA

Tal situação, conclui a Vilaminho, “para além de representar um claro expediente dilatório com o manifesto intuito de protelar indefinidamente a decisão final do pedido de licenciamento, configura manifestamente uma atitude persecutória por parte de algum(ns) elemento(s) da Câmara Municipal de Braga, nomeadamente, e tendo em conta as informações disponibilizadas pelo próprio município, por parte do sr. vereador Miguel Bandeira, uma vez que é no seu gabinete que o processo alegadamente se encontra para despacho, sem que para tal delonga exista qualquer motivo atendível, desrespeitando assim, em absoluto, aquela que deveria ser a função, por excelência, desse pelouro”.
Na missiva enviada ao presidente do município bracarense, a Vilaminho lembra que “tem pleno conhecimento da manifesta pretensão do sr. vereador Miguel Bandeira de impedir a execução da vedação em causa neste processo de licenciamento, afirmação que o próprio fez perante os representantes da Vilaminho, em reunião de 12-12-2017” – isto “a acrescer à infundada omissão da existência de um parecer favorável da Direção Regional de Cultura do Norte no âmbito do processo administrativo e à litigância de má-fé em que a Câmara de Braga incorreu ao ocultar tal facto ao tribunal na ação judicial em curso”.
O processo de licenciamento foi iniciado em 6 de julho de 2017, mas tem assumido contornos caricatos, uma vez que a Câmara Municipal de Braga, no início do processo, em que tinha a obrigação de submeter todos os documentos à Direção Regional de Cultura do Norte, terá perdido alguns dos papéis necessários, acabando por ter sido a Vilaminho a reenviar diretamente para o organismo do Ministério da Cultura os documentos que antes entregara no município. Daí que a Vilaminho considere que está a ser vítima de perseguição e tratamento desigual por parte da Câmara Municipal.


terça-feira, 16 de abril de 2019

VILAMINHO APRESENTA PROJETO PARA AS SETE FONTES - Exposição estará patente no Largo S. João de Souto, no Ed. Galeria de Janes






A Vilaminho – Promoção Imobiliária SA tem um projeto alternativo de criação de um parque urbano nos terrenos envolventes ao antigo sistema de abastecimento de água das Sete Fontes, na zona norte-nordeste da cidade de Braga, e abriu uma exposição para mostrar o seu trabalho a todos os bracarenses.

A empresa imobiliária, que é a segunda maior proprietária de terrenos nas Sete Fontes – e que tem visto a Câmara Municipal de Braga fugir ao diálogo e à negociação –, contratou o arquiteto-paisagista Daniel Monteiro, cujo trabalho será agora exposto na Galeria de Janes, no Largo S. João de Souto nº 14/15, no centro histórico de Braga.


Todos os cidadãos interessados podem visitar a exposição, que abriu nesta terça-feira, 16 de abril, e estará patente de segunda a sexta-feira das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 19h00.





O arquiteto-paisagista Daniel Monteiro, que tem o seu gabinete na Rua 25 de Abril, em Braga, elaborou um estudo que contempla um parque verde nas Sete Fontes, com uma extensão de 14 hectares, superior ao parque anunciado pela Câmara Municipal, assim como zonas de construção. Esta solução, que prevê um parque urbano “com vida”, que respeite o património, a cultura e a memória coletiva daquele espaço, contemplando alguma construção de qualidade, é vista como a ideal para pacificar as relações entre a Câmara Municipal e os proprietários dos terrenos das Sete Fontes, que não aceitam ceder os terrenos por 10 euros por metro quadrado.
Depois de tornadas públicas as linhas principais do plano municipal para os terrenos das Sete Fontes, o arquiteto-paisagista Daniel Monteiro considera que “a Câmara Municipal de Braga e a VILAMINHO defendem ideias idênticas para as Sete Fontes”.




Em sua opinião, “o que é importante é que as partes consigam sentar-se à mesa”, sendo o seu trabalho uma base para o restabelecimento do diálogo. Sobre o trabalho exposto, que é o seu projeto para as Sete Fontes, Daniel Monteiro afirma: “Este estudo deve ser encarado como uma proposta para uma discussão pública sobre aquilo que o município de Braga e os bracarenses pretendem para as Sete Fontes. A preocupação central com este estudo conceptual foi criar uma base viável de discussão e de avaliação do que é que se poderá fazer. Esta proposta é uma base de conversa, um bom ponto de partida, para discutir o futuro das Sete Fontes e resolver o impasse em que aquele território se encontra.”
O empresário Ermelando Sequeira, por seu turno, insiste na sua disposição para dialogar com a autarquia liderada por Ricardo Rio: “Estamos de boa-fé neste processo. De tal modo que estamos dispostos a ceder este projeto à Câmara Municipal de Braga. Queremos o melhor para a cidade e para os bracarenses e estamos disponíveis para o diálogo e para a negociação”.



terça-feira, 9 de abril de 2019

ARQUITETO DANIEL MONTEIRO, AUTOR DE UM PROJETO ALTERNATIVO, AFIRMA “CÂMARA E VILAMINHO DEFENDEM IDEIAS IDÊNTICAS PARA AS SETE FONTES”



Imagem 3D - Arq. Daniel Monteiro 


























Depois de tornar públicas as linhas principais do plano municipal para os terrenos das Sete Fontes, o arquiteto paisagista Daniel Monteiro, que é autor de um projeto encomendado pela VILAMINHO para aqueles terrenos, não tem dúvidas: “A Câmara Municipal de Braga e a VILAMINHO defendem ideias idênticas para as Sete Fontes”.

Então, e o que falta agora para um acordo entre a autarquia e os proprietários dos terrenos? “O que é importante é que as partes consigam sentar-se à mesa”, considera o arquiteto, cujo parque verde que desenhou para as Sete Fontes é maior do que aquele que é proposto pela Câmara Municipal.


Imagem 3D - Arq. Daniel Monteiro 

PERGUNTA – Em cerimónia ocorrida no Museu D. Diogo de Sousa, no início de março, foram dados a conhecer os estudos da Câmara Municipal de Barga para os terrenos das Sete Fontes. Considera que o pelouro do Urbanismo já deveria ter ideias mais concretas em relação ao projeto do Parque das Sete Fontes?

DANIEL MONTEIRO – Não estive presente na apresentação, que decorreu no Museu D. Diogo de Sousa. Tive a oportunidade, posteriormente, de a ver em vídeo, mas, infelizmente, as imagens estavam centradas nos oradores, não mostrando os esquemas que estavam a ser projetados, pelo que só posso responder baseado no que ouvi.
Como é natural, não conheço os termos contratuais que existem com a equipa que trabalha para a Câmara Municipal de Braga, nomeadamente o calendário de execução da proposta, se é que a Câmara Municipal contratualizou a execução de alguma proposta.
Assim sendo, e tendo em linha de conta que a vontade de ter um Parque Urbano nas Sete Fontes é uma promessa e um desejo antigo da Câmara, como cidadão, sim, acho que já deveria existir uma proposta formalizada, como técnico, em consciência, não posso responder porque, como disse, não conheço a forma como o processo se está a desenrolar dentro da Câmara Municipal que, naturalmente, e sendo uma instituição pública, tem tempos e processos diferentes daqueles que estão presentes numa contratação  particular.



Imagem 3D da proposta do Arq. Daniel Monteiro

P. – A verdade é que verificamos que o projeto que o arq. Daniel Monteiro elaborou, a pedido da VILAMINHO, contempla as ideias de preservação cultural e ambiental que os técnicos municipais preconizam. Ficou também com essa opinião?

DANIEL MONTEIRO – Nos estudos que elaborei, pautei as minhas propostas por objetivos de preservação ambiental e patrimonial, produzindo uma proposta de parque e também uma proposta de qualificação urbana. E penso que foram contempladas as ideias de preservação cultural e ambiental que os técnicos municipais também preconizam.
Em boa verdade, nomeadamente ouvindo o prof. Jorge Carvalho, pareceu-me que ele poderia estar a falar da proposta da VILAMINHO. Não estava com certeza, mas parecia, dado que a argumentação apresentada é idêntica à que utilizamos na justificação da nossa proposta para o Parque das Sete Fontes.
Isso deixou-me agradado porque parece-me que o objetivo de fazer uma proposta que servisse de base de discussão e, desejavelmente, de consenso, entre o meu cliente e a Câmara Municipal foi atingido. Assim, a discussão, de facto, aconteça. 


Imagem 3D da proposta do Arq. Daniel Monteiro

P. – O que é que é preciso para as partes se sentarem à mesa?

DANIEL MONTEIRO – Do ponto de vista conceptual existe uma aproximação muito clara, como já referi. Isso era o essencial. Agora, o que é importante é que as partes consigam sentar-se à mesa. Como bracarense adotivo, que aqui vivo e trabalho há mais de 30 anos, e também como arquiteto paisagista, ficaria muito feliz se fosse possível encontrar um consenso nas Sete Fontes e que as ideias que preconizo fossem tidas em conta. Seria bom para todos: para a Câmara Municipal, para a cidade e para os proprietários.

Imagem 3D da proposta do Arq. Daniel Monteiro
P. – A salvaguarda e valorização das Sete Fontes como parque urbano implica que a população usufrua dele, preconizam os técnicos municipais. Além disso, para que a segurança seja uma realidade no parque é necessário que a presença humana seja uma realidade. Estas ideias vão de encontro ao projeto alternativo que o senhor arquiteto elaborou a convite da VILAMINHO, contemplando uma harmonização entre o espaço verde e a construção?

DANIEL MONTEIRO – Remeto para as palavras do Prof. Jorge Carvalho [arquiteto contratado pela Câmara Municipal de Braga], quando se refere à necessidade de uma “moldura edificada que qualifique e dignifique o parque, até por questões de segurança”.
Estamos a falar de um Parque Urbano, ora um Parque Urbano tem que existir na e com a urbe, com a cidade, ainda que com ela não se confunda. Naturalmente as condições de segurança e inserção no meio urbano existem, isso radica no próprio conceito.

Imagem 3D da proposta do Arq. Daniel Monteiro


P. – Há quem defenda a necessidade de encontrar equilíbrios económicos que ajudem a pagar o futuro Parque das Sete Fontes. O projeto da VILAMINHO contempla esses equilíbrios?

DANIEL MONTEIRO – Acredito que sim. Mas, como tive oportunidade de referir anteriormente, existe uma componente de proposta e aceitação de condições que dizem respeito à Câmara Municipal e aos proprietários, e esse é um campo ao qual não sou chamado.
Não tenho a veleidade de pensar que a proposta que apresentei é imutável. É uma proposta que considero equilibrada. E isso significa que com ela é também possível atingir o equilíbrio económico, que, utilizando palavras do prof. Jorge Carvalho “ajuda a pagar o parque”.





Imagem 3D da proposta do Arq. Daniel Monteiro


Em causa a vedação de um terreno privado nas Sete Fontes - Vilaminho diz-se perseguida por vereador e pondera queixa no Ministério Público

A Vilaminho considera que os factos praticados pelo vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Braga, Miguel Bandeira, no âmbito do proc...